Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
Mãe, Rainha e Mulher
Nossa Senhora
A grande festa a
Nossa Senhora Aparecida não é só em uma comemoração com muitas atividades.
Temos que buscar mais a fundo o sentido dessa celebração. Nossa Senhora
Aparecida é uma imagem que tem uma mensagem. Temos consciência que Maria é
Evangelho vivo no cenário da Igreja. Ela está na Igreja como todo fiel. E tem
seu lugar, sua missão e seu compromisso com o povo de Deus. Não se pode ver
Maria, a não ser onde Deus a colocou: no meio do seu povo. Sendo uma discípula,
continua sua missão de Mãe sempre dando Jesus e transmitindo sua Palavra. “A
Palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós” (Jo
1,14).
Essa Palavra se manifestou também em palavras de vida, revestidas das condições
humanas. Maria, a Mãe de Jesus, escolhida por Deus é uma mulher, pois a Palavra
gera vida. É a Mãe do Filho de Deus. É a Nossa Senhora. Sua missão de ser
Mulher-Mãe, como Palavra, é um ensinamento e uma presença. Temos necessidade de
símbolos para compreender melhor o ensinamento. Ela é símbolo do acolhimento de
todos os que a procuram a Deus. Ele nos acolhe através da Mãe de seu Filho e
ensina que todo o filho tem uma ligação de vida com a Mãe, numa união de afeto.
O fiel sabe que a imagem é uma imagem, mas se relaciona com ela na verdade do
ensinamento. Com ela estabelece um relacionamento de afeto. Como em Belém,
acolhe os pastores: “Encontraram Maria, José e o Recém-Nascido numa manjedoura”
(Lc
2,16).
Assim acolhe seu povo.
Mulher com doze
estrelas
O Apocalipse nos
traz a visão da mulher e o dragão: “Um sinal grandioso apareceu no céu: uma
mulher vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e, sobre a cabeça, uma coroa
de doze estrelas” (Ap 12,1). Sabemos que essa mulher é, no
pensar de João, a Igreja gloriosa, presença de Cristo no mundo, fundada nos
apóstolos. Ela é perseguida porque dá à luz a seus filhos no meio da
perseguição. O dragão quer devorar os filhos. Assim há também nessa visão,
Maria que gera Jesus é perseguida por Satanás que quer devorar o Filho e os
filhos. É notório que a Igreja é perseguida de todos os modos porque gera o
Salvador para o mundo. Maria, a Mãe de Jesus, é simbolizada. Por mais que seja
amada, sabemos que é perseguida pelos dragões do mal que querem tirá-la da
Palavra de Deus. Símbolo de devorar o Filho. Se não formos capazes de ver em
Nossa Senhora Aparecida a Mulher que tem em torno de si os apóstolos do Filho
que foram perseguidos, podemos não conhecer a riqueza dessa Mãe Aparecida. Ela
não apareceu no céu, mas nas águas turvas. Foi “salva” pelas mãos dos simples
discípulos de seu Filho que buscavam a vida em sua fraqueza.
Rainha de um
povo
O termo rainha está desgastado pelo
uso e pela falta de sentido. Mas podemos dizer que Maria é Senhora do povo.
Senhora, não como dona, mas como serva. É o papel que ela assume no encontro
com o “Anjo”: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc
1,38).
A palavra serva está em consonância com o mesmo termo aplicado a Jesus: O Servo
(Is
42,1)
que nos narra Isaías. E o próprio Jesus diz de Si: “O Filho do homem não veio
para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos” (Mt
20,28).
Filho e Mãe são o modelo. A missão de Jesus foi socorrer os necessitados. Por
isso o povo de Deus vê em Nossa Senhora Aparecida aquela que serve os
sofredores. Pedem com fé e são atendidos com generosidade. Notamos aí a força
da figura da Rainha Ester ao interceder pelo povo. Maria continua essa missão
de interceder, pois somos parte de seu corpo.
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