Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Que
eu veja”
O homem que
clama
A Palavra de
Deus apresenta o milagre de um cego que implora a cura e, curado, segue Jesus.
Cego e mendigo! Muita miséria em um homem só. Ele é a expressão de um mundo
necessitado e perdido em suas desgraças, sem ver, sem ter. Podemos dizer que
esre cego representa a escuridão do mundo e a dor da miséria. O mundo padece. E
não tem saída. Bartimeu pergunta quem está passando. Quando disseram que era
Jesus, ele pede misericórdia. Mandam que se cale e ele grita mais forte. Jesus
o chama. Sua misericórdia se estende a todos, mas é atento a cada um. Não trata
o povo como massa. Há um diálogo bonito: “Que queres que Eu te faça? – Mestre,
que eu veja!” “Vai, tua fé te curou!” (Mc 10,51-52). Recuperou a
vista e seguiu Jesus. O milagre nos leva a entender o caminho do seguimento de
Jesus: Gritar do fundo da miséria. Ele é o Redentor de todos. Buscar Jesus é já
começar a ver. O resultado da fé é segui-Lo. Esse processo é o modelo de
salvação do mundo: Sentir a própria situação, ouvir Jesus que passa e gritar
por Ele. Só em Jesus temos a salvação. Há duas atitudes nas pessoas: abafar o
grito dos sofredores e fazer-se surdo diante de todos os sofrimentos. Por outro
lado, ajudar a ir ao encontro de Jesus. E animar: “Coragem! Levanta-te! Jesus
te chama”! (Id 49). A comunidade tem uma missão
muito grande de animar o povo a encontrá-Lo. A libertação sempre acontece vinda
da parte de Deus. Lemos em Jeremias 31,7-9 a beleza da
libertação do povo. E o salmo 125 narra a maravilha da libertação. É uma alegria.
Libertações
A Palavra de
Deus é animadora. Mesmo nos piores momentos há um raio de luz que acende a
esperança. Nos desalentos do povo, os profetas animaram a buscar o Senhor, pois
está sempre pronto a libertar. Lemos no salmo 106 (107). que retrata
muito bem que o povo, em seus pecados, vai ao fundo do poço: “Gritaram ao
Senhor na aflição e Ele os libertou da, angústia” (Sl
106,6).
A primeira leitura narra a libertação do povo escravizado durante 70 anos de
exílio. E, maravilhosamente, Deus o libertou. As misericórdias de Deus são
sempre sumamente superiores às fragilidades humanas. Basta ver que, para
libertar o mundo do mal, não enviou um anjo, o que já seria bom, mas enviou seu
Filho. Deus paga com justeza e ainda deixa uma grande gorjeta. Magnífico Deus.
“Entre os gentios se dizia: maravilha fez com eles o Senhor” (Sl
125).
Gera a alegria. O cego jogou o manto, deu um salto e foi até Jesus. A fé tem uma
dimensão profunda de alegria e não de um sentimento de culpa pelos males
praticados. Na missa antiga rezávamos o salmo que dizia: “Subirei ao altar de
Deus, o Deus da minha alegria” (Sl 43,4). Tudo é festa.
Lembramos a parábola do Pai bondoso e o filho perdido. “Convinha que fizéssemos
festas, pois este meu filho estava perdido e foi encontrado” (Lc
15,32).
A verdade, por mais séria que seja, é razão de alegria.
Cristo
intercessor
A Carta aos
Hebreus captou o mistério da encarnação que penetra toda a vida de Cristo. Ela
descreve o sacerdócio de Cristo voltado para as pessoas: “O sumo sacerdote é
tirado do meio do povo e instituído em favor dos homens” (Hb
5,1).
Reconhece que Cristo vive a fragilidade. Não é pecador, mas acolhe o pecador.
“Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo
está cercado de fraqueza” (Hb 5,2). A tentação não
foi um momento de sua vida. Esteve sempre presente: “Meu Deus, por que me
abandonastes”? (Sl 21,3). A fé que nos salvou (evangelho)
nasce de sua força em Deus.
Leituras: Jeremias 31,7-9; Salmo
125; Hebreus 5,1-6; Marcos 10,46-52
Ficha nº 2116 - Homilia do 30º Domingo Comum (24.10.21)
1. A
misericórdia de Deus se estende a todos, mas é atenta a cada um.
2. As
misericórdias de Deus são sempre sumamente superiores às fragilidades humanas.
3. A tentação
não foi um momento de sua vida. Ela esteve presente até o último momento.
Escapei
Eu estava num
aperto danado e achei que dessa vez não tinha jeito de escapar. Mas, por um
nada, como acender uma luz, tudo mudou, tudo ficou claro. Parecia que não tinha
saída. Mas essa veio, justamente, do lugar menos esperado. Lembrei: “Quem
libertou os judeus”? Um rei pagão que, politicamente, se realizou uma obra
programada por Deus.
Assim também nós recebemos dons de
Deus, justamente, de onde não se podia esperar. Para abrir uma porta grande e
pesada, basta um giro da chave. Assim Deus faz... que bom... exultamos de
alegria. Aí fazemos aquela festa.
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