Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
Celebração
Memorial
Memória de Mim
Temos visto as realidades da vida
cristã. Elas sempre nos levam à vida do dia a dia, não permitindo que as
palavras fiquem somente em palavras. Ouvimos, rezamos, e celebramos em todas as missas as sagradas
palavras: “Fazei isto em memória de mim”, como nos comunicou Paulo quando
ensina aos coríntios sobre a Ceia do Senhor. E já era uma tradição firme na
comunidade: “O que recebi vos transmiti.... Isto é o meu corpo que é partido
por vós... fazei isto em memória de mim” ...quanto ao cálice: “todas as vezes
que o beberdes, fazei-o em memória de mim. Todas as vezes que comeis desse pão
ou bebeis do cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha”(1Cor
11,23-27).
Ele nos traz, não só representa o sacrifício, o sacrifício da cruz, para que
sua memória permanecesse para sempre, até sua volta. O termo memória passou por
muitas compreensões no correr dos séculos. Agora foi reafirmado com segurança.
Não se trata somente de dizer o que se faz, mas o que se deve viver. Memorial
que torna real o que é apresentado. O tema foi muito trabalhado por muitos e de
diversas denominações cristãs. É fundamental para a vida da Igreja, pois é na
Eucaristia que ela se realiza. Por isso, não podemos ficar somente num ato de
fé, mas numa celebração do Mistério de Cristo que penetra a vida dos cristãos.
Por isso, passar do assistir a missa para vivê-la, é mudança radical na vida
cristã. Enquanto a Eucaristia não for vida de nossa vida, não estaremos
celebrando de modo condizente.
Corpo dado, sangue derramado
Fazemos um ato de fé na Eucaristia,
no momento da consagração da Missa. Reverenciamos e adoramos o Santíssimo, pois
sabemos que é o Corpo do Senhor. Quando Jesus disse essas palavras, Ele estava
iniciando sua caminhada para sua entrega. O Mistério não é só algo proclamado,
mas realizado. A devoção mal informada afastou a fé da vida. Certamente não
esgotaremos o conhecimento de tão grande dom. Ele é a realização de todo o
projeto de Deus de Se comunicar à humanidade. Isso o faz através do Filho em
seu mistério de entrega para a Vida. É o movimento Divino. Não basta a
veneração. Há aquele que preside, mas a celebração é de todos. Ao participarmos
desse momento, entramos no movimento realizado por Jesus. Quando ouvimos “Corpo
que é dado, Sangue que é derramado”, estamos participando do mistério para que seja
feito também por nós e em nós. É nosso corpo que é entregue. É nosso sangue que
é derramado. Não narramos o Mistério Pascal de Jesus, mas o realizamos. Assim
se atualiza para nós e no mundo, a salvação. Celebrar tem também a
característica de “imitar” pela memória. Realizamos o mesmo passo.
Vivendo a Memória
Fazer memória não é só lembrar. Não é
somente um ato intelectual. Mas um modo de vida. Quando fazemos a memória
eucarística, torna presente o Senhor. A Eucaristia continua na vida, pois
levamos conosco o Senhor e O fazemos presente. Somos memórias vivas. Lembramos
as palavras de Jesus: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu
estarei no meio deles” (Mt 18,20). Cristo está em
nós, não é como uma jóia escondida, mas como um sol que nasce. Doar a vida é
celebrar a Eucaristia no dia a dia. Fazer memória é trazer, pela vida, a
presença daquele que nos amou se por nós se entregou. Quando dizemos meu corpo
por vós entregue é nossa entrega como a de Cristo que foi fiel até o fim.
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