Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Deus
é bondoso”
Perdoar é bom
Em seu discurso
inaugural, resumindo os pontos fundamentais da doutrina de Jesus, o Evangelista
Lucas a sintetiza, acentuando o amor e a misericórdia. Mostra a dinâmica do
Reino. Por que a primeira proposta é justamente o amor ao inimigo e
perseguidores? Penso que esse foi o caminho percorrido por Jesus. Ele sempre
foi perseguido, fizeram-lhe a mais ferrenha oposição. E suas primeiras palavras
do alto da cruz foram para desculpar seus inimigos diante do Pai, por agirem
por ignorância: “Pai, perdoai-lhes por que não sabem o que fazem” (Lc
23,34).
São ignorantes porque estavam cegos pelo mal. Deu o exemplo. Essa atitude de
amor. Jesus não cria mandamentos para o amor. Coloca no coração do cristão uma
barreira contra toda atitude de ódio e desamor. Seguir Jesus é amar sempre e em
todas as circunstâncias. Suas atitudes desmontam toda a possibilidade de
ocorrer uma violência, um desamor. Não é possível outro caminho. Os pecadores
fazem de outro modo. Ser cristão é ser diferente. O mundo cristão só o será ser
for regido pelo amor de atitudes, não de teorias e de belas palavras. Jesus as
circunstâncias concretas da vida. Nada justifica uma agressão. Toca coisas
complicadas como as questões financeiras de empréstimo. Na verdade está quase a
dizer: deixem que vos explores. Mas, por outro lado, Jesus não vê maldade nas
atitudes das pessoas. É a necessidade. A vida de Jesus é o modelo: ninguém
morreu pelos pecadores. Ele não se recusou e foi levado ao martírio pelos
inimigos.
O amor é concreto
Jesus tem belas palavras
sobre o amor. Mas no texto de hoje Ele põe em concreto, em situações do dia a
dia da vida da comunidade. Mostra o amor aos inimigos, os que odeiam, maldizem.
Vai ao mais duro que é a agressão, a exploração da vontade. E então diz que o
amor deve ser como o amor que ele possui e não como os pagãos e pecadores. Não
é para fazer o normal, mas ir além. A recompensa está justamente em não ter
recompensa. A recompensa é ser filhos do altíssimo. “Assim sereis filhos do
Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e maus” (Lc
6,35).
Jesus ensina a ser como Ele que diz: “Eu faço o que aprendi de meu Pai” ( ). Aprendemos do Pai, como Jesus aprendeu. O
amor concreto, nas circunstâncias concretas, deve ser todo envolvido na
misericórdia do Pai: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é
misericordioso” (id 36). A misericórdia não fará
julgamentos, não condenará; saberá perdoar e doar. Daí sairá toda a recompensa
de Deus. Deus nos medirá com a mesma que medirmos os outros. O evangelista deve
ter vivido numa comunidade bem constituída nas condições humanas que precisavam
de orientação. Seguir o modo do Pai deverá ser a vida da comunidade.
Refletir a
imagem
Embora o de
Paulo aos Coríntios não esteja colocado como explicação do Evangelho, ele nos
dá uma referência muito boa para compreender o que é viver a Ressurreição no
dia a dia. Diz: “Como já refletimos a imagem do homem terrestre, assim também
refletiremos a imagem do homem celeste” (1Cor 15,49). A Ressurreição
vai resplandecer no cristão a partir da vivência do Evangelho. Jesus venceu a
morte. Nós vencemos o mal, quando vivemos o amor do Pai em nossos
relacionamentos. O Evangelho não é uma teoria, mas é um dia a dia, nas atitudes
que aprendemos do Pai. Se essa ressurreição não acontece no dia a dia, podemos
duvidar que vá acontecer um dia.
Leituras
Samuel 26,2.7-9.12-13;22-23; Salmo 102; 1 Coríntios, 15,45-49; Lucas 6,27-38
Ficha nº 2150 -
Homilia do 7º Domingo Comum (20.02.22)
1.
O mundo cristão será cristão quando for regido pelo amor de atitudes, não de
teorias.
2.
O amor todas as circunstâncias, deve ser todo envolvido na misericórdia do Pai.
3. A
Ressurreição vai resplandecer no cristão a partir da vivência do Evangelho.
Receita prática
Muito já foi
escrito sobre espiritualidade, ensinamentos de Jesus, pastoral e tanta coisa
mais. Mas parece que não se cutuca a onça com vara curta. Ficamos dando voltas.
É curioso como, certas coisas de nossa fé são tão claras e gastamos tanto tempo
e tanta coisa para justificar o contrário.
Há grandiosos movimentos espirituais
no correr da história para entender, explicar, e orientar o modo de viver
cristão. Até cruzadas e guerras foram feitas. Tudo continuou o mesmo.
Jesus com um tapa resolve tudo. Deu
tapa na direita, mostra a face esquerda. E depois... morre a briga. É muito
bonito como Jesus mostra esse momento da vida cristã. Ele resume tudo na
passagem: como vosso Pai...Basta fazer, agir, organizar como o Pai faz. E Jesus
é claro: é assim que eu faço.
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