Padre Luiz Carlos de Oliveira Missionário Redentorista |
“Fácil ser Feliz”
Benditos vós...
Deus,
no alto do Monte Sinai, deu a Moisés os dez mandamentos que são a síntese de
tudo que é amor. Tem-se a impressão de
uma lei que é imposta, proibições que parecem cercear a vida. Essa mentalidade
não pode obscurecer o grande carinho de Deus que cuida do que é humano. Os
mandamentos abarcam o Divino e o humano. Jesus, novo Moisés, não sobe o monte,
mas desce para o meio do povo. Mais que ensinar decretos, reconhece no coração
dos humildes a bondade aprendida de Deus: “Bem-aventurados vós”. Lucas,
diferentemente de Mateus, apresenta uma lista resumida. Resume tudo no coração
do pobre, sofredor e perseguido por causa de Jesus. Esses recebem tudo o que
Deus tem a nos oferecer: o Reino, a saciedade, o consolo e a recompensa. É uma
síntese completa do que diz Mateus. Por outro lado, apresenta as maldições que
sofrem os que confiam só na riqueza, na fartura, no divertimento e na vaidade.
Esses são malditos. Podemos dizer infelizes. Não vivem em Deus. Jeremias
explicita essa maldição: “Maldito o homem que confia no homem... e afasta seu coração
do Senhor. Não floresce. É como planta no deserto” (Jr
17,5-6). E renova a esperança: “Bendito
o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor. É como a árvore
plantada junto às águas” (id 7-8). O
profeta apresenta uma realidade da natureza: as raízes buscam a água. Por isso
não teme o calor, mantêm-se verde sempre e dá fruto. Assim é a vida cristã:
buscar onde está a vida animada pela fé.
Confia no Senhor
O que significa
confiar no Senhor? Mateus, quando anuncia as bem-aventuranças, diz que Jesus
subiu o monte (Mt 5,1). O
evangelho de Lucas coloca Jesus no meio do povo. Inspira confiança. Pela encarnação, Jesus está entre nós. No meio do
povo. A fé é também uma questão da proximidade de coração. Jesus fala olhando
nos olhos. O termo bem-aventurado, traduz-se abençoado, aquele que obteve o favor
de Deus. Jesus não dá uma aula dizendo como devem ser, mas diz o que são:
“Bem-aventurados vós”. Esse diálogo com o povo abre espaço a uma proximidade
sempre maior dos discípulos. Podemos fazer uma leitura do coração dos
discípulos de Jesus. Essa confiança Nele é porque Ele demonstrou confiança
neles. Confiar no Senhor é acolher o Reino de Deus. Os que não confiam são os
que perseguirão os discípulos, pois a recusa a Jesus vai penetrar seus
corações. Por isso vemos essa ojeriza contra os cristãos católicos. Quando se diz: malditos, podemos dizer
infelizes. O hebraico sempre trabalha com oposições. O que perdem esses
infelizes? Sua consolação é passageira, a riqueza não sustenta o ser humano
como um todo. Há outros infortúnios. A bajulação não sustenta o ser humano.
Elogio falso não constrói.
Garantia de ressurreição
O
texto sobre a Ressurreição, no conjunto da liturgia de hoje, não está colocado
como parte do tema das bem-aventuranças. Mas podemos compreender que a
ressurreição não é só um fato único que acontece no final de nossa história. É
início da vida eterna. Ela está presente como vida para os que buscam viver as
bem-aventuranças. Se não acreditamos na ressurreição dos mortos, também Cristo
não ressuscitou. Sem a ressurreição de Cristo nossa fé não tem razão de ser. A
Ressurreição não é um momento após o final de nossa vida. Ela vai acontecendo
sempre mais, cada vez que vivemos as bem-aventuranças como caminho de
ressurreição.
Leituras:Jeremias
17,5-8; Salmo1 ; 1Coríntios 15,12.16-20; Lucas 6,17.20-26.
Ficha
nº 2148 - Homilia do 6º Domingo Comum (13.02.22)
1.
Lucas reconhece no coração dos humildes a bondade aprendida de Deus:
2.
Confiar no Senhor é acolher o Reino de Deus.
3.
A Ressurreição acontece cada vez que vivemos as bem-aventuranças.
Felicidade de bolso furado
Bolso
furado mais perde do que guarda as coisas.
Quando
a gente quer dar uma de bom, a gente pisa e passa por cima. É como colocar a
vida num bolso furado. É uma felicidade brocada. E acabamos levando.
Poder
não dura. Riqueza enferruja, alegrias passam. Tudo se evapora. É vida num bolso
furado. Felicidade, quando não tem o coração cheio da bem-aventurança, é uma
falsidade. Tudo falácia. É um depósito furado, uma caixa d’água rachada. Um
banco falido. Tudo enferruja.
Para
viver bem, não é preciso muito. Para compartilhar é preciso de pouco. Para
sorrir, basta um olhar de carinho. Para saciar é preciso um pouco do nada que
somos.
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