Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Vinde
após Mim”
Força da Palavra
O mar da
Galiléia, que não é um mar, mas um lago tem a forma de um instrumento musical
chamado “kíneret”. Tem 20 km de comprimento e 12 de largura, tendo de 20 a 230
metros de profundidade. Era um centro importante pelo comércio e pela
fertilidade das terras cobiçadas por tantos povos. Esse mar, além das águas
perigosas, é abundante peixe. Ele é o cenário do início da pregação de Jesus.
Jesus inicia sua pregação e seus milagres, mas também começa a “pescar” seus
primeiros discípulos: “Não tenhas medo! De hoje em diante serás pescador de
homens. Então levaram suas barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a
Jesus” (Lc 5,10-11). A força da
missão que recebem está nas palavras de Jesus que leva à pesca milagrosa. Como
tivessem pescado a noite toda, sem nada pegar, lançam as redes novamente com
uma certeza: “Em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. Aí veio a pesca
abundante. Isaias se declara frágil e de lábios impuros diante da magnífica
manifestação de Deus. Foi tocado pela brasa do altar. É do altar que se tiram
as forças da palavra anunciada. Diz o jovem profeta: “Aqui estou, enviai-me”. A
fragilidade humana nunca foi empecilho para a força de Deus se manifestar. Quem
era mais frágil que os apóstolos? Isaías se declara perdido e se considera “um
homem de lábios impuros”. Nessa manifestação de Deus, teria uns 25 anos. O convite
de Deus é uma ordem. Mais que um dever, é uma união com a origem da Palavra que
é o próprio Deus que envia em seu nome. Jesus chama e dá a força de sua
Palavra.
Altar que cura
A fragilidade do
homem diante de Deus é uma das melhores condições para que a força de Deus se
manifeste. As escolhas de Deus são fruto de sua predileção pela simplicidade.
Nada podemos sem Deus. A força da Palavra está na sua origem. Isaías tem a visão
da grandiosidade de Deus que Se abaixa para escolher quem envia. Jesus diz aos
discípulos para levarem a barca para as águas profundas. O campo para onde
Jesus envia seus discípulos é o mar profundo do mundo. A Palavra não é superficial:
ela vai ao profundo do ser humano onde está nossa verdadeira situação. Ali é que
o Evangelho toca e muda. Não podemos mudar a tinta de nossa realidade. Jesus
muda o homem pela sua raiz que é o centro de suas decisões. Escolher o Evangelho
e ser batizado é erradicar o homem de suas opções e levar à opção vital por
Cristo. Cristo só foi constituído Senhor, a partir de sua morte que o levou à
ressurreição. Ele pode nos atingir pela raiz. Assim são os cristãos que tomam
atitudes. Eles mudam suas vidas totalmente para viver a Palavra. Não pode haver
meias medidas. Não são verdadeiras. São
feitas segundo nosso modelo e não em Cristo. A imagem de Cristo foi implantada
em nós. Refletimos sua verdade.
O que recebi, transmiti
A chamada que
Deus faz, tanto a Isaías como aos apóstolos, procede Dele próprio Deus que
envia. Não anunciamos palavras, mas a Pessoa concreta do Pai e de Jesus que no
Espírito chega até às pessoas. Por isso Paulo diz que: “Eu vos transmiti o que
recebi” (1Cor 15,3). A mensagem se
identifica com o anunciado. Ao falar de Jesus, não transmitimos ideias, mas uma
Pessoa. É por isso que podemos notar que na missão dos apóstolos havia tanto
vigor. Como se justificar que homens simples tenham levado o Evangelho com
tanto efeito? Não só a eles se referem essas palavras, mas a todo aquele que o
anuncia.
Leituras: Isaias
6,1-2ª.3-8;Salmo 137;1 coríntios 15,3-8.11;Lucas 5,1-11.
Ficha nº 2146 - Homilia do 5º Domingo Comum (06.02.22)
1. A força da
missão que recebem está nas palavras de Jesus que leva à pesca milagrosa.
2. Jesus muda o
homem pela sua raiz, onde está o centro das decisões.
3. Ao falar de
Jesus, não transmitimos idéias, mas uma Pessoa.
Concurso de
fraqueza
Parece que Deus
quando quer gente para uma função ou missão importante, começa de trás para a
frente. Claro que conta com os que se prepararam, mas escolhe cada um (nós) que
somos tão fracos e nos sentimos despreparados. Pior é que são esses que
resolvem, pois sendo fracos dão tudo de si e não sentem substitutos de Deus.
Deus, de vez em quando, vai à lata de
lixo. Aqueles que foram desprezados por serem fracos e burrinhos é que resolvem
os problemas, pois só têm a Deus como solução.
Vemos o caso de tantos santos, como
São João Maria Vianey, Beato Pedro Donders, São Geraldo que foi chamado de
inútil, quando se apresentou para a entrar na Congregação. Santa Catarina de
Sena (analfabeta) e tantos... Da fraqueza surgiu a força.
Há santos sabidos, preparados, mas
que eram humildes. Alguns topetudos, Deus dá uma rasteira neles.
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