Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
Se não vos converterdes
A meta da
Quaresma é conduzir para a celebração da Ressurreição do Senhor. Como
sacramento memorial, a Páscoa acontece para nós e em nós. A Páscoa é eterna. Quando celebramos, é para
mais profundamente acolher esse mistério em nossa vida. A liturgia de hoje quer
nos mostrar a ação de Deus por nós, manifestando-se a Moisés como primeiro
passo do caminho da Páscoa. Jesus acena para algo importante que é necessidade
da conversão que acontece quando nos convertemos. Converter-se não é algo
puramente interior, mas é “produzir frutos”. A parábola oferece também a
misericórdia de Deus que espera contando com nossa fragilidade: “Senhor, deixa
a figueira ainda esse ano. Pode ser que venha a dar fruto. Se não der então tu
a cortarás” (Lc 13,8-9). Paulo chama a
atenção dos coríntios dizendo que não tem direitos adquiridos e podem fazer o
que quiserem. Os judeus receberam tantas maravilhas e milagres em sua
libertação, na passagem do Mar Vermelho, o maná, a água da rocha e tantas
belezas mais. No entanto, quase todos morreram no deserto. Insiste: “Não
murmureis como muitos deles murmuraram e por isso foram mortos pelo anjo
exterminador” (1Cor 10,1ss). Paulo chama a
viver intensamente e não descuidar nunca da conversão permanente: “Portanto,
quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” (Id
12).
A Páscoa não se reduz a uma celebração, mas é um colocar em prática a vida
cristã. Converter-se é produzir frutos.
Caminho
de libertação
A maravilhosa
história do Êxodo, não é só uma narrativa heróica das maravilhas feitas por
Deus. É o caminho da Páscoa. Deus começa sempre longe para conduzir a uma
realização maior. Vemos como Deus conduziu José ao Egito e o levou ao fundo do
calabouço. Dali o tira com os dons que lhe deu. José salva sua família. E
reconhece a ação de Deus. Depois de 400 anos, novamente, um menino jogado no
rio Nilo e que se torna um refugiado, é escolhido por Deus para ser o grande
presente Dele para o povo: A libertação. Moisés, um simples pastor, trabalhando
para o sogro, tem o maravilhoso encontro com Deus e recebe dele a missão de
libertar. Que garantia? O nome de Deus é a garantia. Ele é a garantia de toda a
libertação: “E Sou Aquele que Sou”. Eu existo e existir é ser para os outros.
Deus envia Moisés para libertar. Não sabia nem falar... Moisés era a palavra e
Aarão seu profeta. Conhecer o nome de Deus é conhecer os caminhos de
libertação. O processo quaresmal se encerra com a libertação no Mistério Pascal
de Cristo que chega a nós através das águas do Batismo. A vida do batizado é
produzir frutos.
Assumir pessoalmente
Jesus é um
empresário que quer produção, quer resultados na vida. Vivemos um cristianismo
amorfo e morto. Não tem forma nem vida. Jesus foi à figueira. De onde vem o
fruto? Da árvore viva. O arbusto onde Deus se manifestou poderia não ter muita
vida num lugar deserto, mas a vida de Deus se manifestou. Moisés assumiu a missão
e enfrentou a grandeza do faraó e tirou o povo do Egito. Não é preciso
preocupar-se de como foi na verdade, mas que foi a verdade: Deus salvou o seu
povo. Essa salvação nos chegou através de Jesus que veio em nome do Pai. E
praticou uma libertação muito maior. Unidos na força do Batismo em nós podemos
levar adiante essa libertação.
Leituras:
Êxodo 3,1-8ª.13-15;Salmo 102; 1 Coríntios 10,1-6.10.12; Lucas 13,1-9.
Ficha
nº 2158 - Homilia do 3º Domingo da Quaresma (20.03.22)
1. Quando
celebramos, é para mais profundamente acolher esse mistério em nossa vida.
2. Conhecer o
nome de Deus é conhecer os caminhos de libertação.
3. Jesus é um
empresário que quer produção, quer resultados na vida.
Bananeira sem
cacho
Fui buscar fruta e não encontrei.
Árvore sem fruto é corpo sem vida. Que delícia quando encontramos as plantas
carregadas de fruto. Quanta riqueza aos olhos e quanto apetite. Como Deus é bom
na sua criação. Que abundância.
Por isso os evangelhos sempre trazem
essas comparações. Tudo que toca o estômago interessa. Deus, quando vem ao
nosso jardim, espera sentir esses prazeres. Mas deve ser entristecedor, quando
nos vê esturricados. É tempo de produzir frutos.
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