Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Se
tu és o Filho de Deus”
Crescer no conhecimento de Cristo
Iniciamos a
Quaresma com dois domingos que descrevem ao cristão sua realidade, já vivida em
Cristo: a tentação do pecado e a glória transfiguração. A tentação faz parte da
vida cristã. Ser tentado não é um mal, não deixar-se vencer pela tentação é a
vitória o cristão, em Cristo que foi “tentado em tudo, menos no pecado “(Hb
4,15)”.
A transfiguração de Cristo é fruto da vitória. Vemos assim o destino desse
tempo. Essa vitória é nossa fé (1 Jo 5,4). Por isso a
oração nos ensina que a vivência da palavra desse tempo nos leva ao
conhecimento mais aprofundado de Cristo e uma correspondência. O judeu fiel foi
ensinado a entregar os primeiros frutos da terra como reconhecimento da ação de
Deus em sua vida. É a profissão de fé desse povo libertado da escravidão e tão
beneficiado na terra nova “onde corre leite e mel”. Jesus, ao ser tentado e
vencendo a tentação, está em nosso lugar. Santo Agostinho diz: “Nele fomos
tentados e Nele vencemos o demônio”. A tentação de Jesus não se refere tanto a
um fato, mas a uma realidade. As três tentações atingem o ser humano em sua
realidade total. A resposta à tentação pela Palavra, pela humildade e pela
adoração, leva o homem a vencer Satanás, como Jesus o fez. O demônio diz a
Jesus: “Se tu és o Filho de Deus”. Jesus não usa sua condição de Filho de Deus
para Si. E nos oferece este instrumento de vitória que Ele usou: Palavra de
Deus, humildade de não tentar a Deus e a adoração: “Só a Deus servirás”
Corresponder ao seu amor
Jesus vence a
tentação do pão, do poder e do prazer com a Palavra de Deus, com a humildade e
com a adoração. É a síntese da vitória sobre o mal. Essas foram as tentações de
Jesus durante toda sua vida. Os sofrimentos que passava colocavam-Lhe a
pergunta: que Filho de Deus sou Eu? A
Divindade estava oculta sob o véu da humanidade. O demônio se afastou de Jesus
para voltar no tempo oportuno. Isso foi toda sua vida. Sobretudo na hora da
morte. Os inimigos (outros demônios), diziam-lhe quando estava na cruz: “Se és
o Filho de Deus, desce da cruz” (Mt 27,40). Na medida em
que conhecemos Cristo podemos deixar que Ele viva e cresça em nós. Como Cristo
cresce em nós? Quando fazemos o que Ele fez. Esse é o chamado aos seus
discípulos: “Vinde!” Nossa compreensão de santidade está mais em atos a fazer,
do que atitudes a cultivar. As atitudes serão sempre moldadas a partir de sua
entrega ao Pai através dos humildes. O tempo da Quaresma nos abre uma reflexão
pascal. A Quaresma perdeu essa dimensão e ficou no estilo de seriedade,
penitência sem buscar o que é ressuscitar com Cristo. Paulo diz: “Se
confessares Jesus como Senhor e no teu coração, creres que Deus o Ressuscitou
dos mortos, serás salvo” (Rm 10,9).
Desarmar as ciladas
Nesse caminho de
tentação podemos estar seguros da presença e proteção de Deus. Sempre pensamos
que tudo depende de nós. E nos esquecemos da proteção e amparo de Deus. O povo
de Deus se sentia agraciado por tanta libertação e proteção através de
admiráveis prodígios. São os mesmos que recebemos em modos diferentes. Deus
sempre é para todos. Nesse sentido, o salmo reflete o quanto é bom habitar ao
abrigo e sombra do altíssimo. Está protegido contra o mal e toda a desgraça. O
salmista compara essa proteção com anjos que nos levam pelas mãos para guardar,
e não tropeçar e passar sobre as feras. Diz Deus: “Ao invocar-me hei de
ouvi-lo, e atendê-lo, e a seu lado eu estarei em suas dores”.
Leituras:
Deuteronômio26,4-10; Salmo 90;Romanos 10,8-13; Lucas 4,1-13.
Ficha nº 2154 - Homilia do 1º Domingo da Quaresma (06.03.22)
1. As três
tentações atingem o ser humano em sua realidade total.
2. Nossa
compreensão de santidade está mais em atos a fazer, do que atitudes a cultivar.
3. O salmo
reflete o quanto é bom habitar ao abrigo e sombra do altíssimo.
Diabo sem imaginação
Só porque é
diabo, pensa que pode atacar qualquer um. E justamente quem: Jesus. Além do
mais,Jesus dá o esquema de colocar o “dito” no seu lugar. Vemos nos Evangelhos
quanto aparece a figura do diabo sendo desalojado por Jesus. E ele reconhece:
“Tu és o Filho de Deus”.
As tentações de Jesus refletem a
sábia ignorância do diabo, tentando justamente onde Jesus era o mais fiel: na
Palavra, na Adoração ao Pai e na humildade.
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