quinta-feira, 4 de abril de 2019

REFLETINDO A PALAVRA - Padre Luiz Carlos


Pe. Luiz Carlos de OliveiraRedentorista
“A força da graça”

Discernimento é graça
            Nosso querido Papa Francisco nos instrui sobre o caminho da santidade. Para isso escreveu a bela exortação apostólica “Gaudete et Exultate” – Alegrai-vos e Exultai (GE). Vamos continuar na reflexão sobre o discernimento. Como somos também espirituais, não somente carnais, refletimos as maravilhas do ser humano, também em sua dimensão espiritual. A Igreja demorou um pouco para assumir as novas ciências. Mas corre o risco de dispensar as ciências espirituais. Assim afirma no documento: “É verdade que o discernimento espiritual não exclui as contribuições de sabedorias humanas, existenciais, psicológicas, sociológicas ou morais; mas transcende-as. Não bastam as normas sábias da Igreja. Lembremo-nos sempre de que o discernimento é uma graça” (GE 170). Embora inclua as ciências, “está em jogo o sentido da minha vida, diante do Pai que me conhece e ama, aquele sentido verdadeiro para o qual posso orientar a minha existência e que ninguém conhece melhor do que Ele... Em suma, o discernimento leva à própria fonte da vida que não morre, isto é, conhecer o Pai, o único Deus verdadeiro e, a quem Ele enviou, Jesus Cristo (Jo 17,3). É um dom sobrenatural. O Papa Francisco insiste que esse dom é dado a todos. Sabemos que os humildes têm grande sabedoria e discernem muito bem os caminhos de Deus, tanto que são eles os destinatários mais imediatos da revelação de Deus, como lemos em Mateus: “Eu Te louvo, ó Pai....porque ocultastes esses mistérios de Deus aos sábios e doutores e os revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25). Não porque recuse, mas porque eles estão fechados. Não são pequeninos, nem humildes.
A força da oração
              Sabemos que o Senhor está sempre a nos falar sempre de muitos modos, através das pessoas, dos acontecimentos, da natureza etc... E continua o Papa dizendo “que não é possível prescindir do silêncio da oração prolongada para perceber aquela linguagem, para interpretar o significado real das inspirações que julgamos ter recebido, para acalmar ansiedades e recompor o conjunto da própria vida à luz de Deus”(GE 171). Agindo assim podemos garantir que vivemos a partir do Espírito de Deus. Essa chamada que recebemos nos ajuda a discernir também nossa vida espiritual. Nem sempre ela corresponde ao que o Senhor espera de nós. E também nos dá a possibilidade de abrir nossa fragilidade numa súplica garantida: “Fala Senhor!” Queremos sempre ouvir o que o Senhor quer falar, mas preferimos escamotear e dar nossas respostas satisfazendo nossos interesses espirituais. É preciso disposição em ouvir. Diz: “Somente quem está disposto a escutar é que tem a liberdade de renunciar ao seu ponto de vista parcial e insuficiente, aos seus hábitos, aos seus esquemas” (GE 172). Quem está disposto a dizer “fala Senhor”, deve estar disposto a ouvir o que pode não estar em nossos projetos pessoais. Deus pode ter coisas melhores.
Tesouro da Igreja
           Continuando a reflexão, o Papa Francisco lembra que tal escuta é ao Evangelho como último critério e ao Magistério que o guarda, procurando encontrar no tesouro da Igreja aquilo que pode ser mais fecundo para o “hoje” da salvação (GE 173). Não se trata de voltar ao passado como única fonte, pois o Evangelho é vivo hoje. No passado essas respostas eram atuais. Hoje temos outras situações. A rigidez está fora do caminho do Espírito que nos foi dado pelo Ressuscitado. É sempre um hoje. Isso pode nos levar a fugir da realidade para viva do Evangelho e do Espírito que fala à Igreja. Ele é força e graça.


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