Pe. Luiz Carlos de OliveiraRedentorista |
“A força da
graça”
Discernimento é graça
Nosso
querido Papa Francisco nos instrui sobre o caminho da santidade. Para isso
escreveu a bela exortação apostólica “Gaudete et Exultate” – Alegrai-vos e Exultai
(GE).
Vamos
continuar na reflexão sobre o discernimento. Como somos também espirituais, não
somente carnais, refletimos as maravilhas do ser humano, também em sua dimensão
espiritual. A Igreja demorou um pouco para assumir as novas ciências. Mas corre
o risco de dispensar as ciências espirituais. Assim afirma no documento: “É verdade que o
discernimento espiritual não exclui as contribuições de sabedorias humanas,
existenciais, psicológicas, sociológicas ou morais; mas transcende-as. Não
bastam as normas sábias da Igreja. Lembremo-nos sempre de que o discernimento é
uma graça” (GE 170). Embora inclua as ciências, “está em
jogo o sentido da minha vida, diante do Pai que me conhece e ama, aquele
sentido verdadeiro para o qual posso orientar a minha existência e que ninguém
conhece melhor do que Ele... Em suma, o discernimento leva à própria fonte da
vida que não morre, isto é, conhecer o Pai, o único Deus verdadeiro e, a quem
Ele enviou, Jesus Cristo (Jo 17,3). É um dom sobrenatural. O Papa Francisco
insiste que esse dom é dado a todos. Sabemos que os humildes têm grande
sabedoria e discernem muito bem os caminhos de Deus, tanto que são eles os
destinatários mais imediatos da revelação de Deus, como lemos em Mateus: “Eu Te
louvo, ó Pai....porque ocultastes esses mistérios de Deus aos sábios e doutores
e os revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25). Não porque recuse, mas porque eles estão
fechados. Não são pequeninos, nem humildes.
A força da oração
Sabemos
que o Senhor está sempre a nos falar sempre de muitos modos, através das
pessoas, dos acontecimentos, da natureza etc... E continua o Papa dizendo “que
não é possível prescindir do silêncio da oração prolongada para perceber aquela
linguagem, para interpretar o significado real das inspirações que julgamos ter
recebido, para acalmar ansiedades e recompor o conjunto da própria vida à luz
de Deus”(GE 171). Agindo assim podemos garantir que
vivemos a partir do Espírito de Deus. Essa chamada que recebemos nos ajuda a
discernir também nossa vida espiritual. Nem sempre ela corresponde ao que o
Senhor espera de nós. E também nos dá a possibilidade de abrir nossa
fragilidade numa súplica garantida: “Fala Senhor!” Queremos sempre ouvir o que
o Senhor quer falar, mas preferimos escamotear e dar nossas respostas
satisfazendo nossos interesses espirituais. É preciso disposição em ouvir. Diz:
“Somente quem está disposto a escutar é que tem a liberdade de renunciar ao seu
ponto de vista parcial e insuficiente, aos seus hábitos, aos seus esquemas” (GE 172). Quem está disposto a dizer “fala Senhor”, deve estar disposto a ouvir
o que pode não estar em nossos projetos pessoais. Deus pode ter coisas
melhores.
Tesouro da Igreja
Continuando
a reflexão, o Papa Francisco lembra que tal escuta é ao Evangelho como último
critério e ao Magistério que o guarda, procurando encontrar no tesouro da
Igreja aquilo que pode ser mais fecundo para o “hoje” da salvação (GE 173). Não se trata de voltar ao passado como única
fonte, pois o Evangelho é vivo hoje. No passado essas respostas eram atuais.
Hoje temos outras situações. A rigidez está fora do caminho do Espírito que nos
foi dado pelo Ressuscitado. É sempre um hoje. Isso pode nos levar a fugir da
realidade para viva do Evangelho e do Espírito que fala à Igreja. Ele é força e
graça.
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