Pe. Luiz Carlos de OliveiraRedentorista |
“Jesus
estava rezando”
Eu gritei e me escutastes
A vida
espiritual acontece dentro das condições humanas que nos assustam e ao mesmo
tempo nos maravilham por sua presença em nosso cotidiano. Temos o sentimento de
distância de Deus, ao mesmo tempo sentimos a necessidade de um contato mais
aberto e próximo a partir da condição humana. Assim vencemos a barreira do medo
da divindade. Jesus com seu exemplo e ensinamento nos ensina pedir com
insistência, com a parábola do amigo chato que pede pão para seu hóspede.
Insiste tanto que acaba tirando o amigo de seu sossego conseguindo o que
precisa. Os evangelistas nos trazem muitos momentos nos quais Jesus faz suas
orações. Os discípulos veem Jesus rezar. Isso deve ter marcado muito suas
vidas. Pedem a Jesus que os ensine a rezar como João ensinara seus discípulos.
Jesus dá a instrução, oferecendo um pequeno texto no qual está presente uma
síntese do conteúdo. A oração escrita ou decorada é enriquecida de temas que
nos abrem as portas do Céu. Os textos usados na liturgia salientam a oração de
petição. Deus sabe o precisamos, mesmo antes de Lho pedirmos. Primeiramente a
oração está ligada ao profundo de nosso coração que suplica, pede, insiste com
uma confiança ilimitada. Abraão (Gn 18,20-32) conversa com
Deus ao modo de um negociante e o freguês. Conversar o preço. Santo Afonso,
doutor da oração, diz que rezar é falar com Deus como um amigo fala com o
amigo. A urgência nos leva também a tratar Deus como um amigo muito íntimo. O
Antigo Testamento mostrava um Deus exigente. Jesus ensina a oração do Pai
Nosso. Era o seu modo de rezar.
Oração é riqueza
Jesus ensina seu modo de falar
com o Pai. O amigo pode se cansar e, com enfado, dar o pão que o amigo necessita. Jesus dá o exemplo de confiar as coisas nas
mãos de Deus. Ele é o bom Pai e nos ensina a fazer como Ele faz. E mostra que
em todas as coisas, o Pai é melhor que nós que somos maus. É imediata a
resposta a nossa oração. Jesus sabia como o Pai ouvia sua oração: “Pedi e
recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. Quem pede,
recebe; quem procura, encontra; e, a quem bate, se abrirá” (Lc
11,1-13).
Afirma também e, com certeza, que Deus dará tudo o que nosso coração pede. Jesus
lembra ainda que nós fazemos tudo bem. Assim não daremos “outras coisas” aos
filhos, mesmo nós que somos maus. Sabemos o que os filhos precisam: “Ora, se
vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai
do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem” (Lc
11,11-13).
O final do texto parece desmontar a palavra de Jesus. Tudo que pedirmos receberemos.
Paulo nos coloca a grande verdade do Cristo que realizou nossa redenção.
Direito de pedir
Por que o texto muda a direção afirmando que o
Pai dará Espírito Santo aos que o pedirem. Nós sabemos dar coisas boas. O Pai
supera a todos, dando o que lhe é o bom, o Espírito Santo. O Pai deu-nos o direito de receber o Dom
maior que é o Espírito Santo. Com Ele nos dá todas as coisas. A atitude de
pedir ao Pai significa que estamos fazendo o caminho permanente da redenção que
o Pai realiza em nós. O salmo descreve a
ação de graças pelos benefícios recebidos, sempre maiores que nossos pedidos.
Agradece pelo amor com que fomos tratados. Temos um pedido especial a fazer:
“completai em mim a obra começada. Senhor, vossa bondade é para sempre”...
Lembramos que Deus quer estar conosco. Quer falar conosco como a filhos
queridos que pedem sobretudo o Espírito.
Leituras:
Gênesis 18,20-32; Salmo 137; Colossenses 2,12-14; Lucas 11,1-13
Ficha
nº 1872 - Homilia do 17º Domingo Comum (28.07.19)
1. Deus sabe o que precisamos, mesmo
antes de Lho pedirmos.
2. Ele é o bom Pai. Ele nos ensina a
fazer como Ele faz.
3. O Pai supera a todos, dando o que lhe
é o bom, o Espírito Santo.
Deus
ama o chato
Encontramos sempre novos caminhos
para o conhecimento de nossa fé. Mesmo tendo ensinado que a pureza e a
sublimidade da oração, Jesus ensina a viver a fé e a segurança em Deus. Jesus
ensina como modelo e que oferece sempre novos meios que vão entrando no povo de
Deus. É o que vemos hoje em seu ensinamento. Primeiro dá o exemplo, depois dá
em testamento seu modo de orar, que é o que ensina aos discípulos.
Primeira
regra é ter coragem de buscar o que precisa. E dá o exemplo do amigo que bate à
porta do amigo para lhe dar pão a sua visita. É um diálogo constrangedor.
Jesus
dá o modelo de sua oração: pedir insistentemente. O camarada é chato e consegue
o que quer. Mesmo que o outro dê o pão para satisfazer a necessidade do amigo,
mostrou que nossa oração deve ser insistente. Certamente a parábola é o que
acontecia
em sua vida humana. Deus garante que é
bondoso. Nem precisa tanto empenho.
Por
isso Jesus quer ser sempre buscado para realizar as nossas verdadeiras
necessidades. Não reclame depois, querido Pai, se soubermos aproveitar esta
chance.
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