Pe. Luiz Carlos de Oliveira Redentorista |
“Cristo é Vida”
Quem crê, não morrerá
Na perspectiva
da espiritualidade quaresmal chegamos à terceira indicação na qual culmina toda
a caminhada de Jesus e nossa que é a Vida. Jesus dissera: “Eu sou a
Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E quem vive e
crê em mim, jamais morrerá” (Jo 25-26). A Vida que Lhe
vem da Ressurreição é a mesma que nos é dada. O milagre da ressurreição de
Lázaro ensina que Cristo dá a vida, pois tem o poder sobre a morte. Seu
ministério público consistiu sempre em gerar a vida. Pelas leituras, podemos
entender que o Batismo dá a Vida Eterna. Depois de passar pelas águas, somos
iluminados e recebemos a Vida Divina. Se Jesus pode ressuscitar um morto já em
decomposição, o que supera a condição humana, pode nos dar a Vida Divina, que é
Vida: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância!” (Jo
10,10).
Fazemos uma comparação com a cura do paralítico que foi descido pelo teto da
casa: Jesus, para dizer que tem o poder de Deus para perdoar pecados cura o
paralítico. Ele não só diz, mas faz. O banho do batismo é um gesto simbólico
que significa e realiza a purificação e dá a Vida. Mortos (sepultados nas águas)
ressuscitamos para a Vida Nova. O mergulho nas águas não se realiza pela
quantidade de água, mas pela imensidão das águas da vida Divina onde somos
imersos. Vemos o paralelo com a ressurreição de Lázaro. Estava morto. É o que
justifica toda a festa da Páscoa: Jesus estava sepultado, morto, sem vida. Deus
O ressuscita. Assim se realiza no Batismo. Recebemos a Vida eterna que é a vida
de Deus.
Vida cristã penetra toda a vida
Como podemos interpretar para nossa
vida espiritual? Temos uma vida a levar adiante. Cuidamos bem de nosso corpo e de
nossas atividades. A verdadeira espiritualidade está em cuidar da vida de Deus
em nós. Essa fica descuidada. É o que Paulo chama atenção a viver segundo o
Espírito e não segundo a carne, pois assim não agradamos a Deus. Se Cristo está em nós, nosso espírito está
cheio de vida. E vamos ressuscitar como Jesus (Rm
8,8-11).
A espiritualidade quaresmal nos estimula a viver intensamente a vida cristã. O
que vemos em nós é um desencanto com a religião, pois não nos preocupamos em
viver com vigor e alegria a Vida Divina que está em nós. Essa deve ser a
preocupação primeira com nossa pessoa e com os que nos cercam. Por exemplo:
cuidamos o máximo das crianças, mas não zelamos da outra metade, a vida
espiritual dura para sempre, que é a Vida Divina que receberam no Batismo.
Dando vida ao corpo de Lázaro, mostrou que nos dá a Vida em sua Ressurreição.
Cuidemos dela. Quando temos amor à Vida, ela penetrará nossa vida. Os que
procuram viver a vida cristã de modo mais coerente, procurem viver mais o
batismo no compromisso com a Palavra de Deus, na dedicação à comunidade e à
missão. Evitem espiritualidade individualista que não converte o coração nem dá
a Vida Divina.
Caminhar com a mesma alegria
Estamos chegando ao fim de nossa
caminhada quaresmal. Ela é uma preparação para o momento central da vida cristã
que é a Páscoa, celebrada na Vigília Pascal. A Páscoa invade toda a vida
cristã. Por isso rezamos na oração da missa: “Dai-nos, por vossa graça,
caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso filho a entregar-se à
morte no seu amor pelo mundo”. O amor é o núcleo da Páscoa. Onde existe amor,
ali está a Ressurreição. Toda vida de Jesus foi amor. Nele evangelizou, sofreu
e ressuscitou. É nosso caminho. Quando estamos no fundo do poço podemos dizer:
“Clamo a vós, Senhor!”.
Leituras
Ezequiel
37,12-14; Salmo 129; Romanos 8,8-11; João 11,1-45
Ficha nº 1948 -
Homilia do 5º Domingo da Quaresma (29.03.20)
1. A Vida que
Lhe vem da Ressurreição é a mesma que nos é dada.
2. A espiritualidade
quaresmal nos estimula a viver intensamente a vida cristã.
3. A Páscoa
invade toda a vida cristã.
O defunto andou
Carregar um
defunto já não é grande coisa, mas ver um defunto sair da cova, muda muito o
assunto. Foi o que aconteceu quando Jesus ressuscitou Lázaro. Até a irmã dizia
que já estava cheirando mal. Mas Jesus queria vida e queria mostrar que pode
dar a vida e vai retomá-la para Si. Lázaro sai do tumulo. Imaginemos a cena.
Mas a cena maior é a força de Jesus que dá vida.
O processo quaresmal quer conduzir a
uma vida nova através do banho da ressurreição. Depois de ressuscitar um morto,
podemos ter certeza que Ele próprio terá essa experiência de morte para a vida.
É o que nos leva a compreender que também passaremos por esse processo.
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