Iniciando o mês da Bíblia temos
na celebração do 23º Domingo uma dupla chamada: a responsabilidade de quem
anuncia e a de quem ouve a Palavra. Quem anuncia tem um compromisso com a
verdade. Por isso deve anunciar. Essa chamada não é aérea, mas deve se dirigir
à pessoa no real de sua vida sem devaneios. A Palavra para a conversão tem um
processo de respeito à pessoa que estaria no erro: primeiro, pessoalmente, numa
conversa serena. Se não resolve, procura-se o apoio de mais uma pessoa, na
discrição. Se não ouve, a comunidade toda se empenha. A partir daí, se fechado
à Palavra, o fiel se exclui da comunidade. A responsabilidade é pessoal. Notamos
a força evangelizadora da comunidade. A evangelização não é só um primeiro
anúncio, mas é anúncio permanente. Está em contínua conversão. O salmo convida
a essa conversão: “Oxalá ouvísseis hoje a voz do Senhor!”
(Sl 94).
A palavra de Jesus sobre a força da união - “Onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles” (Mt
18,20)
– mostra que Ele continua sua missão de evangelização permanente na comunidade,
com o mesmo vigor. Assim podemos entender como as palavras frágeis que dizemos,
tenham tal força de conversão. O permanente apelo é sustentado pelo salmo 94 -
“Hoje não fecheis o vosso coração”- reflete a necessidade de evangelização. É
uma busca de mudança de vida. Se um irmão pecar contra ti – errar – vai corrigi-lo,
antes que se perca.
Estarei no meio deles
Há uma noção que faz falta em
nossa catequese: “Vós sois o Corpo de Cristo, e cada pessoa entre vós,
individualmente é membro desse corpo” (1Cor 12,27). Somos Corpo de
Cristo e fazemos parte uns dos outros. Amar e crer nos faz morada de Deus:
“Quem come minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e Eu nele” (Jo
6,56).
E também: “Deus é amor; aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus
permanece nele” (1Jo 4,16). Há uma participação íntima e
individual com a Trindade. Deus vive em mim e eu vivo em Deus. Contudo, não é
algo individualista. A Palavra ensina a presença de Cristo entre nós quando nos
unimos: “Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que
queiram pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos Céus. Pois
onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (Mt
18,19-20).
Daí recebemos toda a força evangelizadora, pois o Cristo está entre nós. E Ele
garante a oração comunitária. A oração individual tem valor, chega a Deus. Mas
a maior garantia é quando Jesus reza junto, pois estamos juntos e formamos
corpo com Ele. Quem não gosta de rezar junto, não tem essa garantia. A oração
vale, mas... quando juntos. Aquece mais.
O amor não faz
mal
Quando somos corpo estamos em
relacionamento que sempre, como humanos, tem seus condicionamentos. E para o
bom exercício da fraternidade, que não é só social, vivemos de acordo com os
mandamentos referentes ao próximo que tocam todas as dimensões da vida humana.
Lembramos que são os mesmos que Jesus enumerou ao jovem rico. Amar não faz mal.
Só faz bem. Pode nos custar, pois quem ama dá a vida (Jo
15,13).
O amor é o cumprimento perfeito da lei (Rm 13,10). Essa atitude
de amor é a maior evangelização que podemos fazer. Vimos que, na pandemia há
muita dedicação aos necessitados. Não são só católicos, também, mas de outras
religiões que não têm essa dimensão, entidades e empresas. É resultado da
evangelização. A Igreja não é para atrair para si, mas para Deus.
Leituras: Ezequiel 33,7-9; Salmo
94; Romanos 13,8-9; Mateus 18,15-20.
Ficha nº 1994 - Homilia do 23º Domingo Comum (06.09.20)
1. A evangelização não é só o primeiro
anúncio, mas é permanente.
2. A Palavra ensina a presença de Cristo
entre nós quando nos unimos.
3. Essa atitude de amor é a maior
evangelização que podemos fazer.
Unidos venceremos
Ninguém
gosta de aperto. Ninguém quer se envolver com os outros. Faz-me lembrar de
minha avó que fazia um arroz meio papinha. Todas as cozinheiras gostam de arroz
soltinho. O arroz, unidos venceremos, é mais cozido, grudado e mais macio.
A Palavra do dia de hoje nos chama a
nos unir também e fazer um só corpo, pois é assim que o Pai gosta de nos ver.
Quer todos unidos. Gosta tanto que coloca em nosso meio Jesus para garantir
nossa união. Também para oração: fazemos uma papinha e o Papa gosta dessa
evangelização.
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