Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Nossa
Senhora Aparecida”
Sob o olhar de Maria
A liturgia da festa de Nossa
Senhora Aparecida procura resumir todo sentido dessa preciosa imagem que se
tornou centro de devoção à Mãe de Deus. Ela, cheia de beleza, como lemos no
salmo, é a mãe que intercede em Caná e se arrisca pelo povo, como Ester. Mesmo
sendo a Mulher gloriosa do Apocalipse, não deixa de ser a mãe do povo que
acolhe os pequeninos, os humildes que correm o risco de serem engolidos pelo
dragão. Por isso, podemos rezar na oração pós-comunhão, colocando toda a nação
sob o olhar de Maria: “Nós vos suplicamos, ó Deus: Dai ao nosso povo, sob o
olhar de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, irmanar-se nas tarefas de cada
dia para a construção do vosso Reino”. Essa oração resume bem todo caminho da
Igreja do Brasil. Ela é a Mãe querida de tantos necessitados. É uma devoção que
quer todos os irmãos na construção de um
Reino que penetre as estruturas sociais. Vemos no santuário gente de
todos os cantos do país e de tantos níveis de vida social. Todos felizes na
casa da Mãe. Certamente todos são tratados com igualdade, como irmãos. Tantas
crianças, jovens, idosos, doentes. Tantos que fazem imensos sacrifícios ao
virem a pé, a cavalo, de moto, bicicleta. Os testemunhos são sempre
maravilhosos. As promessas mostram partes do corpo onde foram curados. Como não
posso me entregar essa parte de meu corpo curado, entrego uma recordação que
leva junto o coração. Ali não está uma
vela que queima, mas um coração que arde.
Fiel à sua vocação
Notamos na
oração um grande estímuo à vida nacional. Certamente que a devoção à querida
Imagem não tem a ver com programas políticos. Ela foi encontrada
providencialmente num momento doloroso de exploração dos trabalhadores das
minas. Era a opressão da “coroa” na recolha dos quintos do ouro. É a leitura
que fazemos após o fato. Naquele momento foram os humildes pescadores numa pesca
difícil, pescando aquela que será a alegria de um povo. Os peixes se foram e
ela ficou. Ela se torna mestra no caminho da construção de um povo aberto a uma
maior vitalidade humana e espiritual. Nosso povo, miscigenado de diversas
raças, tem nela seu modelo: negra de cor, cabelo de índia e tipo branco. É um
povo feliz que sorri acima de seus padecimentos. Por isso ela também é
sorridente. Crê num futuro sempre mais justo para todos. A vocação do povo é
rezada na oração: “Fiel à sua vocação e vivendo na paz e na justiça”. O povo é
pacífico, ama a participação, gosta da festa, chora com os que sofrem, sabe
viver todas as gamas do sentimento. Esquece a maldade e sobrevive com o pouco
que recebe. Sabe multiplicar. Não pode perder essa capacidade. Unidos aos pés
de Maria, na casa da Mãe, se faz irmão. Infelizmente essa vocação não chegou ao
coração dos que não sabem pescar, mas somente continuar a mentalidade da
“Coroa” que arranca dos suores do povo o seu melhor ouro.
Pátria definitiva
“No Céu, com minha Mãe estarei”.
Todo esforço de transformar a terra num paraíso, não tem outro fim, que
chegarmos todos à “Pátria definitiva”. “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem
tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou" (Ap 21,4). Mesmo
que o ateísmo continue campeando nosso povo, resta no fundo essa barca de
salvação que é o amor a Nossa Senhora Aparecida. O dragão continua perseguindo
a mulher, Mãe de Jesus, Igreja de Deus (Ap 12,13). E de muitos modos
persegue os descendentes, os que observam os mandamentos de Deus e mantêm o
testemunho de Jesus (Ap
12,17). Povo fiel herdará como recompensa a paz e a
alegria.
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