Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Traje da
festa”
O banquete do Reino
A imagem do
banquete é usada nas Sagradas Escrituras como símbolo da comunhão com Deus e comunhão
com as pessoas. O profeta Isaias ensina que Deus ... preparou o banquete aberto
a todos. No Sinai Deus faz um banquete com os 70 anciãos (Ex
24,9-11).
O banquete é sagrado porque Deus é sempre aquele que reúne. E se faz presente.
Comer juntos é partilhar da mesma vida. Por isso Jesus institui a Eucaristia
durante banquete pascal. E manda fazer em memória. O amor de Deus é permanente
e nós participamos dele na Eucaristia. Ouvimos "Felizes os convidados para
a Ceia do Senhor!” Na parábola, Deus, esposo de seu povo oferece a todos um
grande banquete. Jesus é o Filho que, com sua missão, abre a casa do Pai para
um banquete. O Reino é representado também por um banquete. Todos são chamados.
Os servos (profetas) fazem o convite. Mas os primeiros convidados se recusam. O
motivo da recusa se reduz às tendências básicas do ser humano: pão, poder e prazer:
Comprei um campo, tenho cinco juntas de boi para experimentar, casei-me e não
posso ir. Nossos interesses pessoais valem mais que o Reino. Então são
convidados todos os que não contam na estrutura social religiosa, pobres e
pagãos. Símbolo da missão. Todos recebem a veste da festa. Ao entrar para ver
os convidados, o rei vê um homem que não está com a veste nupcial. É uma
ofensa. Aceitar o convite do Reino é assumir com totalidade. Significa a perda
da vida. Mas há uma profunda transformação de todos os males quando o Reino é
implantado.
O Senhor me conduz
O salmo 22 coloca como ponto de
chegada, os campos verdejantes e as águas repousantes. Um banquete de ovelha.
Mas também confirma: “Preparais à minha frente uma mesa, bem à face do inimigo”
(Sl
22).
O salmo reconhece a presença do Pastor que conduziu o povo no deserto, no
êxodo, não deixando faltar coisa alguma. Por isso pode ter confiança. Lembramos
o discurso de Jesus como o bom Pastor (Jo 10). O relacionamento
parte do mútuo conhecimento da ovelha e do pastor. Ela o segue porque sabe
aonde Ele a conduz. Age no conhecimento e no afeto: “Meu cálice transborda” (Sl
22).
O banquete maior é a convivência na casa do Senhor. Jesus Pastor não é o Rei que
condena os que não aceitaram o convite, mas dá a vida pelas ovelhas e Se abre a
todos. Vai atrás da ovelha perdida, cura as doentes e fortalece as sadias. Não
usa do rebanho para seus interesses, mas para que tenham vida e a tenham em
abundância (Jo, 10,10). A parábola tem
a dimensão missionária: ir longe, sobretudo atrás dos pobres para abrir-lhes as
riquezas do Reino que não é privilégio de ninguém como era entendido pelo povo da Antiga Aliança.
Deus proverá
Paulo, a partir
de sua escolha do Reino na pessoa de Jesus, tudo faz por Ele e nada o impede de
ser total em sua resposta: “Sei viver na miséria e na abundância”. E diz: “Tudo
posso Naquele que me conforta” (Fl4,12). Nossa
evangelização acontece porque é feita pela metade. Deus não precisa de resto. É
o que vemos: Se der tempo eu participo, ajudo, assumo... mas não assume nunca. Falta
conhecer a palavra de Jesus por completo: “Buscai o Reino de Deus e sua justiça
e o resto vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33). E se não der
nada: “Somos servos inúteis, fizemos o que devia ser feito” (Lc
7,10).
Não se trata de inutilidade, mas de valores. Servir o Reino preenche todas
nossas necessidades. Paulo disse: “Deus proverá com sua riqueza a todas as
necessidades” (Fl 4,18).
Leituras: Isaias 25,
6-10ª;Salmo23(22) Filipenses 4,12-14.19-20;Mateus 22,1-14
Ficha nº 2004 -
Homilia do 28º Domingo Comum (11.10.20)
1. O motivo da
recusa se reduz às tendências básicas do ser humano: pão, poder e prazer.
2. Jesus é o
Filho que, com sua missão, abre a casa do Pai para um banquete.
3. Servir o
Reino preenche todas nossas necessidades.
Roupa
errada
Imaginou você aparecer de vermelho num
velório? Até o defunto vai rir. Coisa triste é sair com a roupa errada. O texto
final da parábola nos alerta que, para participar do Reino, é preciso estar com
a roupa de festa. Quem ia a uma festa, recebia do dono uma roupa própria. Chic!
A gente costuma dizer vestir a camisa
do time quando se chama para assumir. Assumir o Reino como vida, vai exigir que
seja na totalidade. Por isso a gente começa a escamotear quando chega a hora do
“vamos ver”. É só ver nas comunidades: quando aparece um serviço, aparecem
junto as desculpas... não posso...tenho um compromisso....
As desculpas dos personagens da
parábola respondem aos nossos problemas. A displicência da resposta mostra a
falta de definição. Jesus quer total adesão.
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