Padre Luiz Carlos de Oliveira
Missionário Redentorista
“Bendito o que vem”
Domingo de Ramos
Celebramos o 6º domingo da Quaresma,
caminhando para o Tríduo Pascal. Nesse
dia celebramos o Domingo de Ramos que é uma memória desse momento da vida de
Cristo. Os fatos de sua vida não podem ser conhecidos só como um acontecimento
fechado em si, mas se direcionam para a realização do desígnio salvador do Pai
na morte e ressurreição de Cristo. A oração Pós-Comunhão da Missa diz: “Como
pela morte de vosso Filho nos destes esperar o que cremos, dai-nos, pela sua
ressurreição, alcançar o que buscamos”. Estamos envolvidos no Mistério da
Redenção. Por ele fazemos nossa Páscoa. A celebração de hoje tem dois momentos:
a festiva entrada de Jesus saindo de Betfagé até Jerusalém. É uma celebração na
qual refazemos espiritualmente aquele momento. O segundo é a Missa que tem o
clima da Paixão. Nela lemos a narrativa de sua Paixão segundo Marcos. Podemos
até dizer que começamos alegres, para encontrar, depois da dor da Paixão, a
alegria da Páscoa. Retomamos a tensão da semana que Jesus viveu em Jerusalém. É
curioso notar que a entrada de Jesus está direcionada à cidade, não só no
sentido físico, mas espiritual, quando ele chora sobre ela dizendo: “Ah! Se
nesse dia também tu conhecesses a mensagem da paz” (Lc
19,41).
O sentido espiritual da procissão que fazemos é fazer com Jesus a caminhada do
sofrimento para a ressurreição. Isso é já participar do Mistério Pascal de
Jesus. Não colocamos ramos ou mantos sobre o caminho, mas colocamos os nossos
corações para que Jesus possa entrar em nossa Jerusalém.
Humilhou-se até a morte
A primeira
leitura e a carta de Paulo aos Filipenses descobre para nós a figura do Servo
sofredor ao qual Jesus é identificado. Isaías descreve-o como um sofredor que
não recusa o sofrimento. A figura profética do Servo lembra os sofrimentos de
Jesus. Por que Jesus sofre? Esse hino de Filipenses, usado pela comunidade, reflete
o sofrimento de Jesus que assume a forma de escravo – servo. A aniquilação de
Jesus (kénosis – na linguagem da teologia) descreve sua pessoa no máximo de sua
humanidade sofredora. Em Jesus, a virtude que o faz redentor é a humildade. Humano,
igual a nós, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte e morte
de cruz. Morte de cruz não é só a morte dada ao escravo, mas é também um sinal
de maldição: “Aquele que é pendurado é um objeto da maldição divina” (Dt
21,23).
Quando os chefes dizem: “Crucifica-o” (Mc 15,13), estavam dizendo
que nem Deus O quer. Por isso Jesus vai clamar na cruz: “Meu Deus, Meu Deus,
por que me abandonastes?” (Mc 15,34). Essa foi a
maior humilhação para Jesus, pior que a dor. O salmo 21, que Jesus reza na
cruz, descreve os sofrimentos da Paixão.
Anunciarei vosso nome
O salmo faz uma
bela leitura desse momento doloroso de humilhação pelo qual Jesus passa. Em
Jesus, e também em nós, o sofrimento não é o fim de tudo. O Deus que fere, cura
as feridas (Jó 5,18). O salmo reza: “Anunciarei o
vosso nome a meus irmãos e no meio da assembleia hei de louvar-vos” (Sl
21).
O Mistério Pascal de Cristo continua no anúncio como já feito após a
Ressurreição como Jesus diz: “Vá dizer a meus irmãos” (Jo
20,17).
É um anúncio de Vida. A Ressurreição explica todo o sofrimento que Jesus teve
que passar. Torna-se assim a garantia de tudo que passamos por seguir Jesus. O
sofrimento jamais é sem sentido. Jesus deu o sentido ao inexplicável: A vida
doada. O resultado depende de Deus. “O grão de trigo... se morrer, produz muito
fruto” (Jo 12,24).
Leituras:
Marcos 11,1-10;Isaías 50,4-7;Salmo 21; Filipenses 2,6-11;Marcos 15,1-39.
Ficha nº 2052 -
Homilia do Domingo de Ramos (28.03.21)
1. O sentido
espiritual da procissão é fazer a caminhada do sofrimento para a ressurreição.
2. A aniquilação
de Jesus descreve sua pessoa no máximo de sua humanidade sofredora.
3. O sofrimento
jamais é sem sentido. Jesus deu o sentido ao inexplicável. A vida doada.
Uma festa sem
convite
Jesus mandou
pegar um jumentinho que ninguém montara ainda. Devia ser novo e pequeno. E o povo
faz festa. Não sabia o que estava acontecendo, mas estava bom. Tem até a lenda
de que ele pensava que a festa era para ele. Depois, sozinho, ninguém ligou
para ele. A festa era do povo que via em Jesus a esperança.
Às vezes achamos que somos o centro.
Penso que participar da festa de Jesus é estar feliz com Ele na festa dele. Não
é dar uma de jumento, mas, que a gente leve Jesus por onde for, mesmo não
entendendo o que Ele faz. Já está bom.
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