Padre Luiz Carlos de Oliveira Missionário Redentorista |
“Espiritualidade
do Tempo Comum”
Cristo na vida diária
Espiritualidade nos estimula a viver
como cristãos no dia a dia. No Mistério de Cristo, podemos cristificar nossa
vida. Toda espiritualidade, se não partir da liturgia, na qual se celebra o
mistério de Cristo, pode levar a espiritualismo, não à espiritualidade. Jesus
disse: “Fazei isso em memória de mim” (Lc 22,19). Por essa
memória eucarística realiza-se em nós a Redenção. A espiritualidade será sempre
afinar nossa vida com a vida e missão de Cristo em sua ação salvadora. Ele não
se foi, permanece entre nós através de seu Espírito que nos santifica.
Santificar-se é ter a vida de Cristo. Para isso, temos os meios deixados por
Jesus: Palavra, Eucaristia, fraternidade e orações (At
4,42). A
comunidade logo os compreendeu. Assim, Jesus continua sua missão. Viver como
bom cristão não é se fechar numa igreja ou se isolar em um grupo. A Palavra nos
orienta, a convivência nos torna fraternos, a oração nos une a Deus e
Eucaristia nos alimenta, nos põe em relacionamento com Deus. A leitura da
Palavra é formação e comunhão com o Deus que fala. Como falou ao povo de Israel,
agora pela Igreja fala conosco. Passamos a viver a história como história do
Reino de Deus que se realiza e transforma o mundo. A presença de Deus é normal
em nosso cotidiano. O povo de Israel tinha, no deserto, a presença de Deus como
uma nuvem de dia e como uma coluna de fogo durante a noite (Ex
13,21).
Esse sentimento foi mais forte com a presença de Jesus no Sacrário. Podemos
dizer que agora “somos sacrários vivos da Eucaristia”. Por nós se faz presente
no mundo.
Igreja,
povo em caminho
O sentimento de ser Igreja nos torna
apóstolos, como foram os doze escolhidos, que escolheram outros. Quando Jesus
sobe ao Céu, deu só uma ordem: “Ide por todo mundo e fazei discípulos meus
todos os povos, ensinando-os a guardar tudo o que vos ensinei” (Mt
28,19-20).
O Espírito Santo firmou os ensinamentos de Jesus em seus corações. Eles os passaram
aos outros e a nós. Por isso se diz da fé do povo de Deus, como critério de fé.
O Papa quer a participação de todos no Sínodo que parte das bases. Mudança
grande que reconhece o valor da fé do povo. De uma igreja clerical, onde só o
padre sabe, passamos a uma Igreja onde todos procuram juntos o caminho de Deus,
dirigidos por seus bispos e padres. A espiritualidade do tempo comum é estar
centrado na Palavra e na Eucaristia que conduz à fraternidade e à oração. Não é
difícil nem impossível. É cristão. Há muitas maneiras de viver a fé cristã, não
podem fazer um caminho paralelo. Devemos partir para o que diz Paulo: “Grande é
o mistério da devoção: Cristo Morto e Ressuscitado” (1Tm
3,16).
Sentimento é dom, mas não esgota a devoção.
A
Virgem na minha vida
Para com Maria
não se tem “devoção”, e sim, participação em sua presença. Como gerou o Cristo
em seu Natal, gera-O agora na Palavra e no Pão. O pão que se faz carne de
Cristo. É o mesmo Cristo que foi gerado em Maria. É a continuada gestação de
Cristo em seus fiéis. Não podemos dizer
que comungamos Maria, mas que o Cristo Eucaristia, Pão da Vida, é o mesmo que
Maria gerou. Realizamos assim uma união espiritual com Maria por estarmos
unidos a seu Filho. Ela está presente à nossa comunidade, como esteve presente
na comunidade dos discípulos. Por isso a invocamos na celebração. Ela está
presente em nossas orações da comunidade. E a Ela rezamos nas orações e nas
festas As celebrações podem nos ajudar a manter viva o Tempo Comum nossa vida
cristã.
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